Setor de Higiene e Limpeza na Covid-19

Stepps
3 min readJun 16, 2020

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Esse texto faz parte do Visão de Dentro, seção da Stepps News em que a cada edição um convidado diferente escreve sobre o ramo de indústria no qual atua, trazendo insights e conhecimentos relevantes.

Por Priscilla Campello — Gerente Administrativa da Aquaflex Indústria e Comércio

Com as transformações que vem ocorrendo em todo o cenário mundial desde o surgimento e disseminação do novo CORONAVÍRUS (COVID-19), grande parte das indústrias brasileiras começaram a sentir o impacto em seus segmentos a medida que o vírus saiu da China e passou a circular na Europa. Assim, mesmo sem ainda haver a confirmação de que o vírus passou a circular no país, muitas dessas indústrias não tiveram tempo hábil de se adaptar as mudanças que viriam a seguir.

Diante disso, o Governo Federal do Brasil tomou medidas de contenção para evitar a propagação do COVID-19. Baseando-se no que estava sendo mais eficaz nos outros países, que já estavam lidando com o início da pandemia, foi determinado que a melhor medida a ser tomada era o isolamento social. Em consequência a isto e fechamento de estabelecimentos ditos não essenciais pelos governos estaduais (ex: Decreto nº 48.809, no dia 14 de março pelo governo de Pernambuco, onde sediamos), a economia passou a retroceder de forma feroz em todo país, onde a população por medo e com um poder de compra reduzido, passou a consumir cada vez menos e com mais seletividade.

Outro fator que causou grande impacto ao setor de higiene e limpeza foi a alta do dólar, que elevou o custo das matérias primas utilizadas como insumo na produção dos produtos de limpeza comercializados pela indústria. Em alguns casos houve um aumento pontual de 1.000%. Algumas indústrias, como nós, tomaram diversas medidas de precaução em relação a suas aquisições, dentre elas, a estocagem em larga escala ao primeiro indício de aumento cambial. Todavia, com a postergação do isolamento social e medidas como o lockdown, fizeram com que esse custo fosse inevitável.

Entretanto, ao analisarmos o setor, é notório que este, além de essencial, passaria a ser mais necessário que o de costume. Produtos antes poucos utilizados, como o álcool em gel, esvaziaram das prateleiras dos supermercados e farmácias de um dia para o outro. Outros como a água sanitária, cloro e detergentes, passaram também a ter uma maior demanda.

Sendo assim, no dia 20 de março deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou uma resolução em que liberou a fabricação e a venda de produtos como álcool gel e desinfetantes para limpeza de superfícies e ambientes sem sua autorização prévia, tendo essa uma validade de seis meses.

Indústria de saneantes. Fonte: 2A+ Cosmética.

Indústrias de saneantes passaram a entrar na corrida por matérias primas para início da fabricação do álcool. Em contrapartida, nesse momento a alta do dólar influenciou diretamente nos custos de produção. Como nossa atuação é voltada as necessidades institucionais de outras PJs, fugindo do varejo, e da área de limpeza e estética automotiva, 70% de nossos clientes encontravam-se fechados ou com atividades significativamente reduzidas naquele momento, assim, nosso foco foi direcionado à linha institucional.

Ao primeiro momento, a grande demanda de álcool em gel pelos órgãos públicos, instituições de saúde, mercados e população em geral supriu a baixa demanda das áreas de consumo de limpeza automotiva, centros universitários, órgãos públicos e privados que se encontravam fechados. Contudo, com o crescente no número de novas empresas fabricando álcool em gel, o mercado ficou saturado, invertendo-se a “oferta x demanda” que a priori estava favorável para as indústrias que saíram na frente.

Hoje nossos desafios diante dessas mudanças bruscas de mercado envolvem não só a adaptação a um melhor relacionamento com o cliente, através das mídias sociais e ferramentas de comunicação virtual, mas também a novas estratégias para munir um novo tipo de demanda emergente, encontrando novos setores que possam ser supridos com nossas linhas de produtos.

Assim, a lenta retomada da economia, alinhada à falta de controle da disseminação do vírus, faz com que a indústria precise ter cautela em relação a sua produção, para suprimento das necessidades crescentes. Entretanto, é preciso analisar as mudanças de padrão de consumo, cabendo a nós nos adaptarmos ao novo cenário de relações mais virtuais e uma moeda que terá um longo caminho para se refortalecer.

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Otimizando processos para redução de desperdícios.

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