Por Daniel Almeida
A indústria brasileira sofreu um grande impacto durante os dois primeiros trimestres de 2020, com uma queda acumulada de produtividade que chegou à marca de -6,7% na comparação com o quarto trimestre de 2019. Porém as pesquisas mais recentes da CNI (Confederação Nacional da Indústria) indicam uma forte recuperação no segundo semestre. Será que essa recente aceleração da produção se manterá mesmo sob uma nova onda de covid-19?
Mesmo que o ritmo de alta ainda seja mantido no último trimestre, o indicador fechará o ano com aumento tímido, o que significa que pelo terceiro ano seguido o crescimento da produtividade deve ficar abaixo de 1%. Vale ressaltar ainda que poucas mudanças estruturais e tecnológicas foram feitas no setor indústrial neste ano, visto que a intenção de investimento dos empresários e fluxo de caixa estavam baixos.
“O crescimento acelerado da produtividade no terceiro trimestre e a queda acentuada no primeiro semestre do ano são movimentos conjunturais. Eles refletem mudanças na intensidade do esforço do trabalhador e no ritmo de produção que é estabelecido pelas empresas e não mudanças de mais longo prazo, como uma maior qualificação do trabalhador”, explica Samantha Cunha, economista da CNI.
A produtividade é o volume produzido pela indústria de transformação dividido pela quantidade de horas trabalhadas. A pesquisa da CNI revela que o volume produzido nos meses de julho, agosto e setembro cresceu 25,8% em relação ao segundo trimestre, enquanto as horas trabalhadas na produção tiveram alta de 16,4%.
Com o novo crescimento dos casos de infecção no mundo, surge uma nova preocupação para todas as pessoas envolvidas no meio industrial, a de que uma segunda onda poderia voltar a impactar negativamente a demanda e produção. Por conta da alta nos casos, as atividades industriais dos Estados Unidos já começaram a desacelerar em novembro, com os novos pedidos recuando de seu nível mais alto em quase 17 anos.
Aqui no Brasil, um dos setores que mais se preocupa com esse cenário de incertezas é o automotivo. Com o varejo comprometido, tendo lojas fechadas e população com menos dinheiro, a venda de automóveis caiu drasticamente em março e abril, mas conseguiu se recuperar no terceiro trismestre. Caso haja um novo lockdown, a previsão de vendas de 10,3 mil unidades/dia em 2021 será afetada, e o setor pode sofrer novos cortes de emprego.
Com o passar das eleições municipais, em muitas cidades e estados brasileiros deve haver uma reavaliação do cenário da pandemia, e novas restrições podem surgir.
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