…e já não sabemos nem se nas próximas semanas vamos poder sair de casa. Quem poderia imaginar que em pleno 2020 uma crise de ordem sanitária iria se espalhar pelo mundo causando tantas alterações em nosso modo de viver? Alguns estudiosos até tentaram nos alertar para a possibilidade de algo assim acontecer, porém quando o vírus chegou, não estávamos preparados.
Nossa economia globalizada é baseada em sistemas de administração imediatistas e altamente eficientes na gestão do lucro. Por conta disso, além de ter acelerado a disseminação do vírus através de rotas comerciais entre diversos países, também nos impediu de fornecer ajuda rápida e eficiente aos mais impactados pela crise. O fato de estoques e reservas de capital serem vistos como custos indesejados, fez com que nós falhássemos em distribuir equipamentos básicos de saúde e ajuda a quem mais estava precisando.
Ao analisarmos as nossas cadeias produtivas, podemos ver que elas são altamente dependentes de um cenário global estável e previsível. Isso se dá porque ao basear nossa produção em fornecedores únicos e/ou estrangeiros, estamos nos privando de alternativas em casos de necessidade. Estamos vendo uma onda de nacionalização e protecionismo pelo mundo, onde empresários estão inclusive dispostos a pagar mais para desenvolver fornecedores locais. Ao conversar com diversos gestores industriais ficou claro que mesmo possuindo alta demanda, vários estão tendo dificuldade em adquirir matéria prima.
Uma tendência que está se fortalecendo e precisa ser levada em consideração, é o fato de os espaços físicos estarem se tornando cada vez menos importantes. Transformação digital é uma realidade e as empresas precisam se adaptar, pois a maneira de se fazer e gerir negócios deve ser modificada mais rapidamente. Clientes estão mais do que nunca propensos a comprar produtos digitalmente, e interações físicas talvez sejam um pouco menos toleradas dentro e fora das empresas. Digo “talvez”, pois não sabemos ao certo o que vai acontecer, e justamente por conta disso é que devemos estar atentos às variações comportamentais da sociedade.
Internamente as indústrias também não estão se mostrando muito preparadas para lidar com tantas incertezas. Ao vermos nossos gestores imersos em metodologias japonesas de melhoria, é curioso identificar a falta de adaptabilidade presente nos processos atuais. Para se trabalhar em cenários de extrema incerteza precisamos ter modelos de administração mais iterativos, onde experimentação controlada, rápida e continuada seja uma realidade. Só assim poderemos construir e testar hipóteses de curto prazo que vão rapidamente se adaptando às mudanças do mundo.
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