Inovação: como engajar pessoas?

Stepps
4 min readAug 11, 2020

--

Esse texto faz parte do Visão de Dentro, seção da Stepps News em que a cada edição um convidado diferente escreve sobre o ramo de indústria no qual atua, trazendo insights e conhecimentos relevantes.

Por Brunna Lyra

Head — Innovation Project Manager do Complexo Industrial-Portuário de Suape

Parece meio óbvio começar esse texto dizendo que para conseguir implementar projetos de inovação em qualquer empresa você vai precisar engajar pessoas. Mas esse fato, apesar de evidente, traz um grande desafio: e quando as pessoas criam resistência à inovação, o que fazer?

Vamos pensar que nosso projeto é a construção de um prédio. O nosso grande impacto com o projeto serão os andares modernos e bem acabados. E essa é a parte do projeto que mais brilha os olhos de quem está investindo tempo e dinheiro, além de ser a etapa que mais vai gerar ansiedade. Mas não dá para construir andares incríveis, sem criar uma base que sustente todo o peso e dê alicerce para a estrutura que está nascendo. É por isso que antes da execução de qualquer projeto, é necessário preparar o terreno.

Apesar de inovação ser uma das palavras mais faladas do momento, ainda é um conceito em construção. Muitos dos colaboradores que estão imersos dentro de suas atividades diárias, não conseguem acompanhar a velocidade com que a inovação avança, tornando difícil a compreensão de sua capacidade por completo.

Inovação termina, então, virando um verdadeiro bicho papão, totalmente atrelado ao conceito de tecnologia como solução e não como meio, trazendo um abismo entre ter interesse e conseguir executar.

Nassim Nicholas Taleb, no livro Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos, afirmou que “o esforço mental nos coloca em uma velocidade superior, ativando de forma mais vigorosa e mais analítica as engrenagens do cérebro”. Robert Sternberg, psicólogo referência no tema da inteligência, tem uma afirmação que reforça o que Nassim falou no livro. Ele afirma que para adquirir um conhecimento especializado não é necessário uma “capacidade prévia e fixa, e sim a dedicação com o objetivo”.

São nessas visões que percebemos a primeira grande oportunidade: desenvolver as pessoas para depois nascerem os projetos.

Um ciclo simples de conteúdo capaz de despertar o interesse do colaborador no tema, fazê-lo entender as vantagens, permitir que ele aprenda ferramentas e metodologias que ajudem sua atividade, para então assim, engajar e praticar em projetos focados na inovação.

É possível que você ainda não consiga visualizar a prática disso. Afinal, dentro de uma organização você vai encontrar vários perfis e personalidades no corpo de funcionários. Então comece selecionando com quem você começa e quem você sensibiliza depois pode ser a chave para começar os seus projetos. É preciso começar com o mínimo de interesse, para conseguir

No livro Mindset, Carol Dweck defende a existência de dois mindsets, o fixo e o de crescimento. No perfil do mindset fixo as pessoas que aceitam características que possuem sem a intenção de mudar, mesmo que para benefício próprio. Já quem possui o mindset de crescimento tem em sua rotina uma ávida vontade de evoluir, crescer e buscar melhorar suas características pessoais e conhecimentos.

Essa é uma análise importante quando você vai selecionar uma equipe para trabalhar com inovação: quem está mais aberto e interessado em desenvolver o projeto? Começar a trabalhar com quem tem menos resistência permite uma absorção rápida e o início das atividades, mesmo que em menor escala. A partir do exemplo destes early adopters você começará a mudar a realidade da empresa, empregando uma velocidade diferente e gerando burburinho do que a inovação está fazendo.

E como criar esses aprendizados com o meu colaborador?

Não é fácil chegar para um colaborador e apontar que ele precisa se renovar ou que a área dela, por mais que ele ame o que executa, precisará ser inovada. Então um dos meus grandes aprendizados foi: não chegue a conclusões, indique o caminho. Faça um mapa de oportunidades junto com esse colaborador, pontuando os desafios diários que sua atividade possui, desenvolva uma trilha de conhecimento em cima do desafio e deixe que as conclusões o grupo chegue por conta própria.

Se no setor jurídico, meu desafio é deixar mais transparente as políticas e regras da empresa, ao invés de indicar tecnologias e automações para solucionar o problema, crie dinâmicas em grupos multidisciplinares para estressar o pensamento em cima do desafio e chegar em mapas de dores vs necessidades. Entender o que não funciona, como deveria funcionar e encontrar parceiros que possam agregar aprendizados para desenvolvimento do desafio. É importante que nesta etapa de construção exista sentimento de pertencimento e isso só é possível se ele sentir que faz parte do processo e que o processo é dependente dele.

Desenvolvendo as pessoas, os projetos acontecem. Nem sempre o inverso é proporcional. Invista nas pessoas e elas aprenderão a solucionar as próprias dores e a tecnologia tomará o seu lugar certo: um meio para a melhoria.

Para se inscrever gratuitamente na Stepps News: bit.ly/steppsnews

--

--

Stepps
Stepps

Written by Stepps

Otimizando processos para redução de desperdícios.

No responses yet