Esse texto faz parte do Visão de Dentro, seção da Stepps News em que a cada edição um convidado diferente escreve sobre o ramo de indústria no qual atua, trazendo insights e conhecimentos relevantes.
Por Ed Dantas — CEO Databizz, Professor na formação executiva do CESAR School e Head de Inovação do Complexo Industrial-Portuário de Suape. [ed@databizz.com.br]
Em um texto passado apresentei a ideia de uma paralisia generalizada em decisores, diante de tanta mudança inesperada: Uma Epidemia de Paralisia Corporativa.
Muito tem se falado sobre transformação em tempos de busca de soluções rápidas e milagrosas, principalmente para quem estava distante de um modo de trabalho mais digital. É comum se pensar apressado em alternativas quando a necessidade bate na nossa porta. No entanto, será que essa busca momentânea de algo se dá por remédios reais que tratam as causas [de uma paralisia corporativa] ou é apenas um comprimido para a dor de cabeça das consequências [dessa paralisia] no momento de febre?
Nos últimos anos foi crescente a quantidade de consultorias que aproveitaram a onda da Transformação Digital. Elas aproveitaram um nome comercial para empacotar em embalagens bonitas as selfies com líderes decisores e o turismo digital por inovação. Podemos chamar essas pás e picaretas de uma corrida do ouro digital de: A cloroquina corporativa da última década. Em um momento de crise acelerada, que pode ser vista na imagem abaixo, remédios pontuais não vão surtir efeito para a não capacidade estrutural de inovação. As organizações que não tinham uma cultura de experimentação e investimentos de longo prazo em inovação vão sofrer de forma acelerada, em qualquer tempo de crise.
O que fazer na urgência da crise por conversões ou renovações quase que totais de operações empresariais? Como encontrar novas trilhas ou caminhos de tratamento quando mal se vê onde estamos pisando?
Tenho atuado nos últimos 3 anos entendendo como a Indústria trabalha com inovação e quase uma década no meio de investimento em startups. De norte a sul do Brasil, me envolvi na aceleração de negócios nascentes e programas com grandes Corporações que souberam ir muito além de uma simples transformação digital. Uma grande parte do meu trabalho hoje acontece dentro de um Complexo Industrial-Portuário, onde vejo fortemente um mundo real em que a promessa da digitalização apenas arranha a superfície de um Iceberg Transformacional.
Nesse meio industrial, mais clássico e com anos de mentalidade de fazer da forma como sempre foi feito, não é do dia para a noite que grandes mudanças acontecem. Em um momento de Pandemia e crise com uma demanda que não é mais a mesma, o decrescimento de uma produção e uma reconversão industrial são alternativas. Apesar disso, essas ações conhecidas são apenas formas temporárias de virar a direção para não bater em uma rocha no meio do oceano, onde qualquer transatlântico pode colapsar de forma definitiva.
Respondendo sobre o que fazer com a urgência da crise e em qual trilha navegar, todas as corporações deveriam olhar para Orçamentos em Inovação Estrutural (OIE) como um combustível para o transformacional. O que isso quer dizer? A ambição por sobrevivência em tempos de crise é diretamente proporcional aos investimentos [feitos no passado] na experimentação contínua de novas soluções.
Na imagem abaixo, você como CEO ou decisor da sua organização pode concluir em um check-up rápido, olhando em retrospectiva, sobre o quanto do seu orçamento foi alocado em novas soluções no core [curto prazo e incremental], no adjacente [médio prazo] e no transformacional [disrupção e longo prazo]. Se você não sabe responder ou gasta em demasia sem saber, cuidado com o copo de água e sal oferecido na tormenta no meio do mar.
Indústrias, empresas e organizações que souberam apostar internamente em transformação estrutural estão mais preparadas em relação às que nunca começaram algo em Inovação Além do Digital (IAD). Enquanto as outras ingênuas, que apenas compraram a cloroquina de consultorias de estratégias digitais, investem orçamentos generosos em um copo de água e sal no meio da crise. São essas que terão mortes aceleradas por desidratação em busca de uma sede digital que não responde às necessidades urgentes da crise. Está na hora de praticar além do digital e não ficar preso apenas em estratégias de futuro. Talvez em momentos tão incertos, olhar apenas para o futuro não é onde respostas podem ser encontradas. Quando não se souber para onde ir, olhar para trás é uma trilha a se empreender:
https://www.collaborativefund.com/blog/when-you-have-no-idea-what-happens-next/
“Não sei quando essa recessão terminará e não estou interessado em sua previsão. No entanto, estou interessado na observação histórica de que o progresso acontece muito lentamente para as pessoas perceberem, mas os contratempos acontecem muito rapidamente para ignorar. Isso faz com que a maioria das pessoas reconheçam quando uma recessão terminou apenas com uma retrospectiva considerável, o que exige a manutenção do otimismo do investimento, mesmo quando a economia ao seu redor se sente quebrada.”
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